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Qlippoth

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Qlippoth (hebraico "cascas", "conchas") Na tradição cabalística, os "Senhores da Força Desequilibrada", entidades demoníacas de um universo anterior que sobreviveram e chegaram ao universo atual. Os Qlippoth são tema de uma tradição deomonológica vasta e às vezes contraditoria, originária de fontes judaicas mas adotada e até ampliada por teóricos ocultistas posteriores. Como a maioria das palavras hebraicas, Qlippoth tem várias grafias em alfabeto latino; outra muito utilizada é Kelippoth.

De acordo com os textos cabalísticos, os Qlippoth se originaram como poderes governantes de um universo que existiu antes deste, um mundo de forças desequilibradas que foi destruído nos estágios iniciais da criação do universo. Nos textos cabalísticos anteriores a Isaac Luria (1534-1572), às vezes os Qlippoth são apresentados em termos neoplatônicos como o último elo na corrente da emanação, a coisa mais distante de Deus ainda com uma quantidade de poder criativo divino suficiente para existir. Outros trechos, mas metafóricos, relacionam os Qlippoth com a Árvore da Vida, como a casca se relaciona com a madeira viva de uma árvore real - o resultado natural e necessário do processo organico da criação, como excrementos, a borra do vinha ou a escória que sobra do refino do ouro.

É comum os textos cabalísticos surgirem que o mal é apenas a manifestação da Sefirah Geburah (Severidade) levada a extremos e separada do poder equilibrador de Chesed (Misericórdia). O conceito dos Qlippoth como parte natural da existência atinge seu zênite no comentário do Zohar de que tudo é uma "concha" ou "casca" se visto de um nível superior da existência, e o grão dentro da casa se visto de um nível inferior.

Os ensinamentos de Isaac Luria e sua escola introduziram uma visão radicalmente diferente dos Qlippoth. Na cabala de Luria, o processo organizado da Criação foi interrompido por um desastre; os frasco que deveriam conter as sete Sefirot de Chesed a Malkuth eram inadequados e quebraram-se durante a corrente descendente da luz criativa. Dos fragmentos desses frascos, trazidos à vida pelas centelhas de luz divina que ainda havia neles, surgiram os Qlippoth. O salvamento das centelhas de luz de sua prisão no Mundo das Conchas é o grande tema da cabala de Luria e tem muito em comum com mitologias gnósticas bem mais antigas.

Em sua totalidade, os Qlippoth formam o Sitra Achra ou "Outro Lado", o mundo dos demônios. Esse mundo e seus habitantes são descritos ricamente na literatura cabalística. A escola de Burgos, no início da cabala espanhola, e os sucessores de Isaac Luria foram particularmente ativos nessa demonologia cabalística. A escola de Burgos, no início da cabala espanhola, e os sucessores de Isaac Luria foram particularmente ativos nessa demonologia cabalística. Dez ordens de Qlippoth, correspondendo às dez Sefirot da Árvore da Vida, são as mais conhecidas, Thaumiel, as Duas Forças em Confronto, opõem-se à unidade de Kether; Augiel que "apegam às aparências vidas e materiais", corresponde a Chokmah; Satariel, os Ocultadores, correspondem a Binah. A Chesed correspondem Ga'ashekelah, os Quebradores ou Rompedores em Pedaços; a Geburah, Golohab, os Queimadores; a Tiphareth, Tagiriron, os Litigantes, enquanto que a Netzach e a Hod correspondem respectivamente Aarab Tzereq, os Corvos de Dispersão, e Samael, os Mentirosos. Yesod tem Gamaliel, os Obscenos, enquanto Malkuth tem Lilith, a Mulher da Noite. Cada um tem seuas próprias formas e atribuições tradicionais e podem ser encontrados com seus próprios verbetes nesta enciclopédia.

A tradição dos Qlippoth recebeu muita atenção nos círculos cabalísticos dos judaicos e em lojas ocultistas herméticas - por exemplo um texto detalhado sobre o tema fazia parte do currículo da Ordem Hermética da Aurora Dourada. Recentemente, em coerência com o hábito moderno e generalizado de envolver o mal em uma aura romântica, certo número de magos cerimoniais passou a usar os Qlippoth na prática. Para citar um exemplo, o mago inglês Kenneth Grant publicou diversos livros sobre trabalhos de magia envolvendo os Qlippoth, que ele identifica com entidades do grimório ficticio de H.P Lovecraft, o Necromicon.



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