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Reino das fadas

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Reino de entidades não humanas associadas ao mundo natural. Tecnicamente, um habitante do reino das fadas é um dos vários tipos de fada, mas os outros tipos acabaram por se confundir nos últimos seis séculos, aproxidamente. A natureza exata do reino das fadas e de seus habitantes tem sido tema de muitas discussões ao longo dos anos, dentro e fora das tradições ao longo dos anos.


Entidades do tipo depois conhecido como fadas, elfos e similares podem ser encontradas em fontes gregas e romanas, onde se misturam indistintamente com o reino dos espíritos da natureza e dos deuses menores - o pano de fundo da religião clássica. Essa mesma atitude pode ser encontrada nas tradições germânica e celta, onde é impossível localizar o limite entre os deuses e elfos.



A chegada do cristianismo, tanto aqui como em muitas outras áreas, forçou uma divisão no meio dessa unidade. O dualismo cristão exigiu que as entidades fossem boas ou más, servos de Deus ou do Diabo, e os relatos mais ortodoxos das fadas situaram-se firmamente no território do Diabo. A ideia de espíritos moralmente neutros persistiu, porém e essas duas atitudades podem ser encontradas em textos medievais e renascentista sobre o assunto.

Na Inglaterra, que desenvolveu e perpetuou tradições mágicas que não são encontradas em outros lugares, os ritos para chamar as fadas já circulavam no século XVI, se não antes. Rituais publicados em Discoverie of Witchcraft (1584), do cético Reginald Scot, incluíam uma cerimônia para se chamar de três irmãs fadas, Milia, Aquilia e Sibilia, para que entregassem ao mago um anel mágico de invisibilidade. A edição de 1665 desse mesmo livro, apliada pela inclusão de uma grande coleção de ritos mágicos, apresentava outro rito para chamar Luridan, um espírito auxiliar associado aos bardos galeses e anunciado por um grupo de entidades semelhantes a gnomos que falam irlandês antigo! Registros da época mostram que ritos desse tipo foram praticados na Inglaterra até o final do século XVII, e cerimônias para evocar as fadas foram realizadas na Alemanha no final do século XVI, quando uma foi publicada no The Threefold Harrowing of Hell [As Tríplices dores do inferno], mais famoso dos grimórios atribuídos a Fausto.

Essas fontes classificavam as fadas simplesmente como mais um tipo de espírito. O surgimento de uma postura diferente, que via as fadas como uma classe de entidades distinta, teve de esperar pelo final do Renascimento. Os textos de Jerônimo Cardan (1501 - 1576), que incluíam referências ao trabalho de magia de seu pai com diversos espíritos, ajudou a introduzir essas ideia, que já eram relativamente comuns na época em que Robert Kirk (1644-1697) escreveu seu influente livro The Secret Commonwealth em 1960. Nessa visão, as fadas não era espiritos como entendemos hoje, mas seres vivos e inteligentes com corpos parecem mais sutis do que os nossos.

Essa era a opinião majoritária entre os magos mais instruídos na época da Revolução Científica, quando o tema deixou de interessar ao público, mesmo na comunidade ocultista. As fadas retornaram como tema de interesse no final do século XIX e início XX, quando autores espiritualistas e teosófcos ampliaram a gama de seres espirituais em seus estudos. Thomas Lake Harris, um ministro unitário norte-americano convertido em filósofo ocultista, incluiu as fadas em suas teorias excêntricas mas influentes, afirmando que o celibato e práticas de "desmagnetização" permitiam ao corpo humano torna-se morada de enxames de fadas benéficas para a saúde. De modo semelhante, os textos da Golden Dawn incluiam breves comentários sobre "fadas e arquifadas", espécies de que alguns exemplos aparecem na acarta do Príncipe de Espadas do baralho original de tarô da Golden Dawn.

W.Y Evans-Wentz, teósofo que depois ficou famoso por suas traduções de escrituras do budismo tibetano, publicou um grande estudo, ainda valioso - The Fairy-Faith in Celtic Countries - em 1912, diversas fotos supostamente mostrando fadas, tiradas por duas meninas, foram publicadas; embora tenham sido desmascaradas como hábeis falsificações, as fotos das fadas de Cottingsley reacenderam o interesse pelas fadas, garantido-lhes um lugar no moderno pensamento da Nova Era.




As ideias atuais sobre fadas na comunidade ocultista vão desde as análises junguianas, que as conceituam como realidades psicológicas, até ensinamentos de base teosófica, que as veem como participantes de outra corrente da evolução (que começaria pelos elementais e prosseguiria pelas fadas, devas e anjos, chegando aos arcanjos e mais além), ou concepções pagãs que as interpretam como mera parte da complexa estrutura de realidade espiritual, fazendo com que a roda feche o circulo. Qual dessas ideias se aproxima mais da verdade, só as fadas sabem.



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